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É hoje! Não amanhã

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O dia 22 de abril reúne duas celebrações. Separados por quase 500 anos, os fatos históricos que as geraram possuem significados que nos ajudam a entender o tamanho dos desafios atuais. A comemoração mais antiga é a do descobrimento do Brasil. A mais atual, o Dia da Terra, que marca a primeira grande manifestação por uma agenda ambiental, convocada no ano de 1970 pelo senador e ambientalista americano Gaylord Nelson. 

Esta última data ajudou a aumentar a consciência global sobre a importância da preservação do meio ambiente. Dois anos mais tarde, as Nações Unidas realizaram a Conferência de Estocolmo, liderada pelo diplomata canadense Maurice Strong. De lá para cá estudos científicos, tratados e compromissos entre países têm endossado esta agenda. Evoluímos muito no entendimento de que a agenda climática já não é mais um tema relevante apenas para chefes de estado e que toda a sociedade precisa estar envolvida com ela. Desde a Conferência do Rio, em 1992, o setor privado tem sido cada vez mais atuante nesse debate.  

Os cientistas nos alertam sobre a urgência do combate ao aquecimento global — a temperatura global já aumentou 1,1°C desde o período pré-industrial. O último relatório do IPCC – sigla em inglês para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – aponta que ainda é possível limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas para isso o pico das emissões de gases de efeito estufa deve acontecer até 2025, e o atual nível de emissões deve ser reduzido pela metade até 2030 – em relação a 2019.  Se essa tarefa não for cumprida, as consequências serão drásticas. Os eventos climáticos extremos serão muito mais frequentes. O nível dos oceanos aumentará, ameaçando cidades litorâneas. A mudança no regime de chuvas terá efeitos desastrosos sobre a agricultura.  

No dia do descobrimento do Brasil pelos navegadores portugueses, é útil lembrarmos da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I. Espécie de certidão de nascimento do futuro país, o documento descreve a exuberância e a riqueza da imensa natureza do novo território. Uma terra, de ponta a ponta, muito “formosa”, na expressão usada pelo funcionário do rei. A formosura diminuiu muito desde então. A Mata Atlântica perdeu quase 90% de sua área original, o Cerrado, 45%, e a Amazônia, cerca de 20%.  

É hora de encararmos a destruição dos biomas do país como uma vergonha nacional. Devemos enxergar esse processo como, se a cada dia, US$ 2,5 bilhões fossem destruídos. O valor da floresta em pé está monetizado, seja pela sua biodiversidade, seja pelo emergente mercado de carbono, que tem previsão de movimentar U$ 170 bilhões em 2030 e U$ 350 bilhões em 2050, um negócio mais valioso que o comércio global de soja. E o Brasil tem potencial para conquistar 40% deste mercado.  

É agora ou nunca. Há limites que se impõem.  

Manchete do jornal The New York Times sobre a manifestação realizada em Manhattan em 22 de abril de 1970 em favor de políticas para a proteção do meio ambiente. A pressão social levou o governo norte-americano a criar no mesmo ano a Agência de Proteção Ambiental. Em reconhecimento à importância da data, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 2009 o Dia Internacional da Mãe Terra.

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