Há Limites

Ignacy Sachs

Compartilhe

Ecodesenvolvimento

Soube com tristeza que morreu hoje, 02 de Agosto em Paris com 96 anos, o professor Ignacy Sachs.

Ignacy Sachs, socio economista, juntamente com Maurice Strong e Marc Nerfin, colaborou com a declaração final da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo em 1972. Este foi o primeiro grande encontro internacional com representantes de várias nações do mundo para discutir problemas ambientais, para discutir a poluição da água e a contaminação do solo. Até então não se falava organizadamente das pressões do desenvolvimento sobre as condições de vida no planeta. Ignacy foi um gênio e um dos pioneiros mundiais a falar em ecodesenvolvimento, meio ambiente e sociedade dentro do mesmo plano.

Tive o privilégio de entrevistá-lo em São Paulo em 2008 em diárias de filmagem que pareciam passar em cinco minutos embora tenham sido horas de audiência cativa, onde fiquei fascinado pela naturalidade e clareza com que ele falava do mundo, de seus mecanismos sofisticados, do mercado, e principalmente do futuro. Era um filme chamado “ZUGZWANG”, para COP 15 em Copenhagen, sobre os paradigmas energéticos e os impactos sobre o planeta.

As sessões de conversa com o Prof. Ignacy deram sentido e musculatura ao filme que pretendia colaborar com alguma luz na discussão de energia, das matrizes energéticas e do preço do desenvolvimento. Sua fala construiu uma narrativa, deu importância ao filme e me ajudou a organizar as ideias. Estabelecemos uma relação amigável, cordial e continuamos nos correspondendo. No ano seguinte, um novo trabalho me colocou na posição de solicitar uma “audiência adicional”.

Com atenção e generosidade o professor Ignacy Sachs nos recebeu no seu escritório-biblioteca da École des Hautes Études en Sciences Sociales, no prédio do Boulevard Raspail, em Paris, onde ele era professor. Iríamos continuar a conversa de São Paulo e falar sobre segurança alimentar e “Os Amazonidas”, um texto em que trabalhava naquele momento. Ignacy queria complementar seu depoimento com uma fala sobre a “bio-civilização” do futuro. Conversamos por algumas horas.

O professor era um otimista, um cientista brilhante e via com uma certa desconfiança as “catedrais do saber”. Penso que ele olhava com desconfiança para o conhecimento que não tivesse uma correspondência na vida real.

Ele dizia que aquela fotografia da terra vista do espaço na Apolo 17 a caminho da Lua foi um marco nas reflexões sobre o mundo em que vivemos:  “Até onde podemos ir sem destruir esse planeta?”.

Ignacy Sachs fará muita falta nesse mundo de “inferno e maravilhas”. RIP.

Por Duto Sperry

Grandes empresas, grandes impactos: os rastros do sucesso de uma moda descartável

Artigo anterior

Você também pode gostar


Warning: Trying to access array offset on value of type bool in /home1/halimi10/public_html/wp-content/themes/Gwen/inc/libs/atbs_core.php on line 653

Equipe

Comments are closed.