O percentual de brasileiros que não tiveram dinheiro para alimentar a si ou a sua família em algum momento nos últimos 12 meses atingiu 36% em 2021, de acordo com estudo da FGV Social feito a partir de pesquisa global realizada pelo instituto Gallup. É o patamar mais alto da série iniciada em 2006. O índice supera pela primeira vez a média global, que foi de 35%.
A taxa registrada no Brasil dobrou desde 2014. Naquele ano, quando a economia brasileira entrou em recessão, durante o governo Dilma Rousseff, 17% da população vivia em situação de insegurança alimentar. Em 2019, já no governo Jair Bolsonaro, esse percentual chegou a 30% e continuou a piorar nos anos seguintes, durante a pandemia da Covid-19.
A situação é mais dramática, como de se esperar, entre os 20% mais pobres da população brasileira. Em 2019, 53% dos mais pobres viviam em situação de insegurança alimentar, índice que saltou para 75% em 2021. Esse percentual é próximo ao registrado no país com o maior nível de insegurança alimentar, o Zimbawe (80%).
A insegurança alimentar no Brasil foi sentida mais pelas mulheres do que pelos homens. De 2019 a 2021, houve aumento de 14 pontos percentuais entre as mulheres – o índice saltou de 33% para 47% — e queda de 1 ponto entre os homens – caiu de 27% para 26%. É um dado preocupante, segundo a FGV Social. “As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências para o futuro do país, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida”, afirma o estudo.
O levantamento do Gallup, que serviu de base para o estudo da FGV Social, ouviu 125 mil pessoas em 160 países. Os países africanos lideram o ranking de insegurança alimentar. O primeiro da lista é o Zimbawe (80%), seguido de Zâmbia (79%) e Serra Leoa (77%). Na América Latina, a liderança é da Venezuela (72%).
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