Ainda não sabemos exatamente quantas espécies de animais, plantas, fungos e microorganismos existem no planeta. Um estudo publicado em 2011 na revista PLos Biology estimou que há 8,7 milhões de espécies de seres vivos. Apesar de seus resultados terem sido contestados por alguns pesquisadores, para os quais esse número deve ser ainda maior, trata-se de um dos cálculos mais cuidadosos feito até agora da riqueza da biodiversidade na Terra.
Esse patrimônio biológico ainda é pouco conhecido pela ciência. Até agora apenas 1,2 milhão de espécies foram catalogadas, das quais 80% são animais, 18% plantas e o restante se divide entre fungos, algas, protozoários e outros organismos — ficam de foram dessa conta vírus e bactérias. Ou seja, conhecemos apenas 14% dos seres vivos existentes no planeta. Há 7,5 milhões de espécies a serem descritas e catalogadas.
Os números acima nos ajudam a compreender a importância do Dia da Biodiversidade, comemorado neste 22 de maio. Como toda efeméride, sua presença no calendário se justifica apenas se nos faz refletir e se nos ajuda a tomar decisões para melhorar o mundo. E a ciência nos alerta que precisamos mudar de rumo com urgência se quisermos preservar a diversidade dos ecossistemas terrestres.
Um estudo publicado no início deste ano na revista científica Biological Reviews sugere que já estamos vivendo a sexta extinção em massa no planeta. Diferentemente das anteriores, que foram provocadas por fenômenos naturais, a atual foi deflagrada pelo homem, que gera riqueza por meio de um modelo desenvolvimento nefasto para a biosfera.
Para chegar a esse diagnóstico, os cientistas da Universidade do Havaí em Manoa (EUA) e do Muséum National d’Histoire Naturelle (França) incluíram em seu estudo o efeito da ação humana sobre os invertebrados, que constituem 95% das espécies animais e normalmente não entram nos levantamentos sobre espécies em perigo de extinção ou já extintas. Com esse universo mais abrangente, eles concluíram que o planeta já perdeu, por conta da ação humana, entre 7,5% e 13% das espécies conhecidas nos últimos cinco séculos.
Outro estudo, publicado em junho do ano passado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences, estima que 500 espécies de animais terrestres podem ser extintas nos próximos 20 anos, número que equivale às perdas registradas em todo o século passado. Entre os animais mais ameaçados, com menos de mil indivíduos, estão o rinoceronte de Sumatra e a tartaruga gigante da ilha Espanhola no arquipélago de Galápagos.
De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em novembro de 2020, 3.299 espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção no Brasil. A maioria vive na Mata Atlântica – o Cerrado e a Caatinga vêm em seguida. Esse número deve ser muito maior, já que a análise do IBGE é restrita a 16.645 espécies da flora e da fauna – já foram descritas 117 mil espécies de animais e 49 mil espécies de plantas no país.
Todas essas pesquisas e levantamentos apontam para o esgotamento do atual modelo de desenvolvimento. Usamos a biodiversidade para produzir comida, roupas e remédios, mas não nos preocupamos com sua preservação. Precisamos adotar um novo modelo de desenvolvimento, que seja sustentável. Não há tempo a perder.
Clique aqui para ler o estudo publicado pela Biological Reviews.
Clique aqui para ler o estudo publicado pela Proceedings of the National Academy of Sciences.