Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, gosta de se definir como uma pessoa “movida a propósito”. A executiva dá um sentido muito claro a essa expressão: alguém que busca não apenas a prosperidade financeira da companhia, mas que também pretende contribuir para transformar a sociedade brasileira.
A contribuição da executiva acontece em duas frentes, dentro e fora dos escritórios da empresa. Nos 24 anos em que esteve à frente do negócio, hoje tocado por seu filho, Frederico Trajano, a rede de varejo ganhou reconhecimento nacional pela preocupação com o bem-estar dos funcionários e pela adoção de políticas de inclusão e diversidade.
Apesar dos avanços da companhia nessas questões, Luiza Trajano começou na década passada a se articular com colegas executivas para expandir sua influência. Em 2013, ajudou a fundar o Mulheres do Brasil, que tem como missão combater as desigualdades de gênero, raça e condição social dentro e fora das empresas. Já são mais 100 mil mulheres inscritas.
No início de 2021, liderou a criação do Unidos pela Vacina, grupo que reuniu empresas e organizações da sociedade civil para acelerar a vacinação contra a Covid-19. A meta era para que 70% da população fosse vacinada até setembro, objetivo que foi atingido. Por conta de seu ativismo a favor de boas causas, Luiza Trajano foi eleita pela revista americana Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021.
A executiva recebeu a equipe de Há Limites no final de setembro de 2021. Falou sobre o drama provocado pela Covid-19 na vida dos brasileiros e sobre como a pandemia aumentou o senso de coletividade das pessoas. Manifestou a confiança de que empresários e executivos estão mais dispostos a colaborar com a solução dos problemas sociais e ambientais do País. Na sua visão, está crescendo o entendimento de que as empresas precisam ter um propósito, além de buscar resultados.
Em seu depoimento, afirmou que o sucesso do Magazine Luiza se deve principalmente ao fato de ter se mantido fiel a seus propósitos iniciais. Entre eles, a preocupação com os funcionários, o que inclui incentivos à educação – entre eles subsídios de mensalidades para ensino fundamental, ensino médio, ensino técnico, graduação, pós-graduação e cursos de idiomas.
Os funcionários com filhos têm direito a seis meses de licença-maternidade e 20 dias de licença-paternidade. No retorno a suas atividades profissionais, a colaboradora passa a ter direito ao cheque-mãe, uma espécie de auxílio-creche. São 250 reais mensais para mulheres com filhos de até 12 anos de idade.
Políticas de inclusão, diversidade e equidade de gênero estão entre as prioridades da companhia, lembra a executiva. Em 2020, foi lançado um programa de trainees voltado para candidatos negros, que resultou na contratação de 19 profissionais. O sucesso da iniciativa, que teve repercussão nacional, fez com que a empresa fizesse uma segunda edição, hoje em andamento.